quinta-feira, 24 de março de 2011

Capítulo 11 - Um Show Particular


Luiz estava ainda na festa de aniversário de Ana, desde que eles haviam oficializado o namoro, eles não haviam mais se distanciado em momento algum, fora no momento em que Ana precisou ir ao banheiro, e Andiara foi junto com ela, essa é uma das coisas que Luiz nunca conseguiu entender sobre as mulheres, porque elas sempre convidam uma amiga para irem ao banheiro.
Luiz estava sentado num sofá meio afastado do restante dos outros, dali ele podia ver a cozinha, com a porta entreaberta, e a sala. Nela haviam muitos convidados, dentre eles o pai de Andiara. Luiz não conseguiu entender como era possível ter tanta gente naquela casa tão pequena. Na sala haviam dois sofás grandes, um de frente para o outro, mas ambos encostados na parede. Havia também, uma mesinha ao lado de um dos sofás, que no momento estava cheia de copos, latas e garrafas de cerveja, além de alguns docinhos, preparados por Amanda, a mãe de Ana, e a dona Augusta, avó de Ana.
Luiz ficou quieto no seu canto, esperando até que Ana e Andiara saíssem do banheiro, então Amanda passou por ele, porém não era a mãe de Ana, essa Amanda era a irmã menor de Andiara.
- Tu viu a mana?
- Ah, sim. Ela tá no banheiro.
- Obrigada.
amanda saiu em direção ao banheiro, à procura de sua irmã, então Amanda, agora sim a mãe da Ana, passou por Luiz, com uma bandeia de negrinhos que estava oferecendo aos convidados.
- Não, obrigado!
- Mas como não Luiz? Tu ta muito magrinho, tem que se alimentar!
- Pois é, todo mundo me diz isso! Embora eu me alimente bem, e as vezes eu acho que até como de mais, eu não engordo, de jeito nenhum!
- Vamo vê se não, então!
- E como?
- Amanhã tu pode jantar com a gente! A dona Augusta faz uma comida deliciosa! Sempre que eu venho aqui, engordo uns cinco quilos.
- Hahaha, tá! Mas vou aceitar o convite, vai ser legal jantar aqui, com vocês!
- Que bom que tu pensa assim, a Ana não gosta muito de jantar com a gente, vamo ver se contigo ela não janta direito!
- Tá bom, mas... A senhora não quer ajuda com os negrinhos?
- A não, não precisa! Tu é convidado!
Nesse momento, chegaram Ana, Andiara e Amanda, que haviam acabado de sair do banheiro. Todo o tempo que elas haviam passado lá dentro, foi para retocar a maquiagem.
Luiz contou para Ana a novidade, sobre o jantar em família que teriam na noite seguinte, e depois o trio, agora quarteto, continuou suas conversas, até quase o final da festa e não perceberam que o tempo havia virado. O céu que estava limpo, azul celeste e quase sem nenhuma nuvem no começo daquela tarde, agora estava cinzento,, o dia havia escurecido, começavam a cair gotas do Céu, gotas essas que logo ganharam força, e foram seguidas dos relâmpagos, raios e trovões.
O vento começou a soprar com força, folhas e terra voava ao vento do lado de fora, os homens que estava no pátio fumando e bebendo correram para dentro. O dia agora parecia noite, os raios cortavam o Céu, chegava a dar medo olhar para a rua. Por um instante, Luiz achou ter ouvido uma telha voar, e no meio de todo esse temporal, de repente a luz apagou, o rádio se desligou. Havia caído um poste há uns quilômetros dali, e a luz foi desligada.
Durante aquela aura negra, aquele silencioso escuro, só se pode ouvir o choro de algumas crianças com medo dos trovões e os cochichos das pessoas que temiam por não poder voltar para suas casas.
- Puts, agora que a música tava legal! - disse Luiz, provocando um ataque de risos em Andiara, Ana e Amanda.
- Mas é né! Não tem mais música, que saco! - disse Andiara
- Pois é, a coisa mais próxima de música que se tem por aqui, é um violão do meu vô, guardado em cima de um armário ali no quarto. - comentou Ana, com um sorriso meio de menina sapeca.
- Alguém aqui sabe tocar violão?
- Éh, eu sei, um pouco - respondeu Luiz, meio sem jeito, já pensando que deveria ter ficado quieto.
Sem que mais ninguém pudesse dizer qualquer coisa, Ana saiu em disparada até seu avô, e perguntou-lhe se o violão estava bom, e se poderia usá-lo. Em seguida, Ana entrou no quarto, e saiu de lá com uma espécie de um saco preto, grande.
Ela foi até Andiara e Luiz, então Luiz pôde distinguir que aquilo era uma capa de violão, e dali de dentro Ana retirou um violão, lindo, de madeira preta, com a ponta do braço mais clara e as cordas, de aço reluziam a pouca luz que vinha de fora.
- Toma, agora é com tigo!
- O quê?? Tá loca Ana, tu acha que eu vô toca violão aqui, agora, pra todo mundo?
- Acho, e a Andy também, né Andy?
- Claro Luiz, toca aí!
- Mas eu não toco tão bem assim, aliás, eu não toco quase nada!
- Não faz mal, a gente não toca nada mesmo, então tu já ta na vantagem!
- Ra ra ra - Luiz deu uma risada irônica, sabia que estaria pagando um mico, pois tocava mal, e ainda por cima, estava meio enferrujado, diferentemente do violão, que parecia novo!
Luiz olhava para aquele lindo violão em seu colo, deu-lhe umas batidinhas nas cordas e percebeu que ele estava completamente afinado, logo lembrou-se de que o seu violão, que na verdade nem deu era, estava completamente desafinado, com uma parte do braço rachada e outros defeitos. Então Luiz se esforçou, mas conseguiu se convencer de que o som era tão horrível porque o violão era ruim.
- Tá bom, eu até posso tocar... - As garotas ficaram muitíssimo alegre com a notícia, mas Luiz completou - mas vocês é que vão cantar! minha voz é horrível e tocar mal já é o suficiente!
As duas negara a proposta a princípio, mas pensaram melhor, lembraram que estavam em família e resolveram pagar esse mico todos juntos.
Juntos, os três tocaram e cantaram Legião Urbana, Raúl Sexas, e outros músicos. Quando as duas já estavam ficando sem voz Luiz resolveu finalizar.
- Pra encerrar, eu vou cantar, tampem os ouvidos - houve uma onda de risadas, seguidas de um novo silêncio - e... u vou cantar uma música que tem tudo a ver com a aniversariante, espero que gostem.
Então, após uma leve introdução em Lá Menor, Luiz começou:
- Quem te ver passar assim por mim, não sabe o que é sofrer...
- Ai meu Deus, Luiz eu amoo essa música! Ela é literalmente a minha música! - Falando isso, mesmo sem voz Ana ajudou.
- Contemplar o Sol do teu olhar, perder você no ar...
E inclusive Andiara, e todos os outros que conheciam a letra da música Ana Júlia ajudaram na cantoria, principalmente durante o refrão que dizia:
- "O Ana Júliaaaa, o Ana Júliaaa"
Durante esse tempo, eles nem notaram que o tempo já havia melhorado, e a luz já havia voltado.
Quando os "show" acabou e as pessoas notaram que o tempo havia melhorado, pouco a pouco eles iam embora, até que a casa já estava quase vazia. Os poucos familiares que ainda continuavam ali, eram os pais de Andiara e um ou dois outros tios das meninas, porém, logo o pai de Andiara, seu Ademir, a chamou para irem, ela se despediu de Ana, pedindo para que voltassem logo a Noya, e que ligassem assim que desse. Depois se despediu de Luiz que disse:
- Olha Andiara, é.. me desculpa se eu fui grosso contigo tá, eu não queria, e não quero jamais perder a sua amizade!
- Ta desculpado Luiz, sem problema! Tchau, e me adiciona no Orkut, de novo né!
- Aham, tchau!!
Andiara foi embora com os pais dela, e os outros tios de Ana também já haviam ido.
- Éh.. acho que eu também já vou.
- Mas já, não quer ficar mais um pouco?
- Querer até eu ia querer, mas acho que já fiquei tempo demais, e teus pais tão cansados da festa, eu até posso ajudar a arrumar aqui, mas tenho que ir logo!
- Então tá, né!
Os dois começaram a dar um jeito na bagunça que os convidados haviam deixado, e entre um prato na pia, eu uma lata de cerveja no lixo, eles aproveitavam para dar beijos apaixonados e abraços acolhedores um no outro.
Quando eles enfim terminaram, Luiz deu em Ana, mais um abraço e um beijo apaixonado e despediu-se dizendo:
-Até amanhã, já que eu venho filá uma bóia! hahah, brincadeira!! Tchau!
- Tá, mas vem mesmo!, Tchau Luiz!
Luiz saiu pela porta, com um sorriso estampado em seu rosto, sabia que mais uma vez, o dia demoraria a passar, mas mal poderia esperar por aquele jantar em família!

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