segunda-feira, 4 de abril de 2011

Capítulo 12 - O Jantar com a Nova Família

Luiz foi dormir naquela noite, mal podendo esperar pela noite seguinte. Ele iria ir jantar na casa de sua namorada, oficialmente. Ele havia, por diversas vezes, imaginado como seria isso, havia sonhado com a primeira vez em que iria jantar com a sua namorada, parecia-lhe cada vez mais uma utopia, porém esta dia, ou melhor, noite, estava prestes a chegar.
Deitado em sua cama, Luiz olhava pela janela vendo as estrelas que brilhavam como ele nunca havia visto, talvez pela alegria que ele sentia percebesse isso, talvez porque ele sabia que Ana também poderia estar olhando para elas, nem parecia que na mesma tarde houve um temporal, mas aquela tarde não lhe saia mais da cabeça. Luiz lembrava de cada momento passado ao lado de Ana e de Andiara, lembrava de cada palavra dita pelo trio, de cada música tocada por ele, de cada nota, de cada acorde. Lembrava do rosto de todas as pessoas presentes ali, lembrava principalmente, do rosto de Ana, aquele rosto alegre, lindo, aquele rosto que por vezes lhe parecia de uma criança, uma criança feliz que brinca com suas bonecas e sonha com o futuro, mas que por vezes parecia o rosto de uma mulher, uma mulher que sabe o que quer e que luta por aquilo, uma mulher firme, mas que também transpassa toda sua feminilidade e delicadeza, todo seu carinho, compaixão e carisma. E foi sonhando acordado, relembrando que Luiz adormeceu. Ele não percebeu o tempo passar, e quando acordou, não acreditava mais que tudo o que passara teria sido real. Tudo parecia-lhe um sonho, um sonho da qual ele havia acabado de despertar, e qual não voltaria a ter. Porém, ao levantar, Luiz olhou para suas roupas estiradas no chão, exatamente no lugar, e do jeito que ele havia largado na noite anterior.
Exausto, Luiz havia entrado em casa, ido diretamente para o quarto, lá ele havia tirado as roupas, largando-as no chão mesmo, depois pegou sua toalha, tomou uma rápida chuveirada e foi diretamente para sua cama. Deixou seu corpo cair na cama, e virando-se começou a sonhar acordado, até enfim adormecer.
Logo que teve a confirmação de que nada do que passara era um sonho, Luiz começou a se preparar para o jantar com a família de Ana, o jantar pela qual tanto esperou. Preparou suas roupas cedo, assim como em todas as outras ocasiões em que mal podia esperar o tempo passar.
Enquanto esperava chegar a hora do jantar, Luiz ficou on-line, conversando com Ana. Ela lhe disse com orgulho que estava ajudando a mãe nos preparativos para o jantar, e Luiz com um certo tom de irônia, difícil de perceber, verdade, mas que de algum modo, Ana percebeu, disse-lhe que em sua casa, quem ajudava nos preparativos era a sua mãe, enquanto ele cozinhava.
Neste tempo, em que papo ia, papo vinha, alguém bateu na porta da casa de Luiz. Ele então disse para Ana que iria voltar em breve, então levantou-se, saiu pela porta do quarto e andou pelo corredor atá a sala, onde viu que a porta estava trancada pela tranca, por isso que quem tentara entrar não havia conseguido. Normalmente, ninguém da família de Luiz se dava ao trabalho de bater na porta antes de entrar na casa dele. Luiz então abriu a porta, mas não viu ninguém.
- Crianças!! É bem coisa de criança!
Luiz então deu meia fechou a porta e deu meia volta. Quando já ia chegando novamente a porta do quarto ouviu novamente as batidas na porta, Luiz então caminhou até a sala, mas desta vez, ao invés de abrir a porta, ele retirou a chave e olhou pela fechadura, ele viu uma sombra se movendo, então abriu porta, saiu e deu alguns passos para, enfim confirmar suas suspeitas.
- Tinha que ser tu né neguinho?
Luiz andara até a escada que sobe para o terceiro andar, e escorado na parede que separa a escada que sobe da que desce, estava o seu primo Erick.
Erick como já foi dito, é o filho de seu falecido tio, e que foi junto com a mãe morar no bairro Canudos, perto da casa do pai dela. De vez em quando Erick ia passar um fim de semana na casa de Luiz, para ver ele e as primas.
- Mas tu só me aparece aqui quando eu vou sair né?
- Eu nem sabia que tu ia sair.
- Pois é, mas não é a primeira vez que tu faz isso.
Luiz então entrou, foi direto ao seu quarto, ele tinha que se despedir de Ana, pois não poderia mais falar com ela, ao menos por enquanto. Por, digamos, precaução Luiz não havia contado a Erick que estava namorando. Erick sempre foi muito fiasquento, e não sabe guardar segredo, porém agora, isso não era mais segredo nenhum, era oficial e Luiz sabia que já podia contar a ela, mas também sabia que até o fim do dia, a quadra toda já iria saber que ele estava namorando com Ana.
Conversando com Erick, sobre Ana, sobre a festa, o jantar e tudo o mais que ele haveria de falar, enfim a tarde se passou.
Luiz havia combinado com Ana que por volta das 19 horas ele iria para a casa dela. Já eram 18 e 40, então Luiz resolveu que já poderia ir tomar banho, e depois já pronto, continuaria conversando com Erick, foi o que ele fez.
As 19 em ponto, Luiz se despediu do Erick e de sua mãe e disse que não sabia que hora iria voltar, mas que certamente voltaria na mesma noite, afinal, era um jantar e não uma festa de debutantes.
Depois de andar alguns minutos, Luiz chegou até a casa da dona Augusta,e lá estava parada no portão, ao que parece esperando por ele, ele, a dona Augusta, avó da Ana.
Dona Augusta, era uma senhora idosa, tinha por volta dos 80, porém aparentava uns 60 anos. Ela era baixinha, de pele clara como um floco de neve, e tinha seus cabelos grisalhos, entre eles, alguns fios louro escuros, o que demonstrava um pouco da sua antiga aparência.
- Boa noite dona Augusta!
- Oi Luiz, vem entra, a Ana ta tomando banho.
- A ta, acho que cheguei muito cedo, não?
- Não, não, é até melhor. Assim nós podemos conversar um pouco antes do jantar.
- Claro, é sempre bom conversar com a senhora, o engraçado é que a senhora mora aqui a anos, eu vivo passando por aqui, mas nunca vi a senhora.
- É, eu não costumo ficar na rua.
- Ah bom, eu também sou meio assim, mais caseiro.
- Escuta Luiz, eu preciso falar com você antes de entrarmos.
- Aham, fale dona Augusta.
- Eu posso reparar que você é um bom rapaz, mas eu fiquei preocupada, por causa da Ana, você sabe como é né? Proteção.
- Sim, entendo, mas o que está preocupando a senhora?
- Bem Luiz, a verdade é que pelo que eu reparei... bem, a Ana está muito apaixonada por você mas...
Luiz esperou que dona Augusta completasse a frase, mas não pôde resistir a perguntar.
- Mas... o quê?
- Olha Luiz, a Ana mora em Carlos Barbosa, é muito longe daqui, e eu fiquei pensando: Como vocês pretendem manter esse namora a tanta distância?
- Bem dona Augusta, eu entendo sua preocupação, e devo confessar que também já pensei nisso. Já pensei em falar com a Ana, em terminar com ela para que ninguém sofresse depois, mas daí a gente teria que sofrer agora! Olha, eu gosto muito dela, de um modo que eu nunca gostei de ninguém, e por mais possa ser difícil, eu pretendo levar isso atá onde for possível. Se a nossa relação não conseguir resistir a distância, bem enquanto durar vai ser bom, e isso é o que importa pra mim!
- Muito bem Luiz, pra ser sincera eu não esperava outra coisa de você!
- Se isso foi um elogio, obrigado!
- Haha, é foi sim! Mas vem, entra, vamos sair desse sereno, isso faz mal.
- A senhora primeiro.
- Ah, que cavalheiro, não é a toa que a Ana gosta tando de você!
Ambos entraram. Mais uma vez, Luiz se encontrava naquela pequena sala, desta vez, semi vazia mais bem arrumada. Os dois sofás ainda estavam lá, cada um encostado numa parede, um de fronte para o outro, mas desta vez a mesinha estava bem no centro da sala, em cima de um tapete muito bonito.
Mais ao fundo da sala, onde havia um sofá encostado na parede, agora havia uma mesa, de 8 lugares, o sofá que estava lá, agora estava mais para frente, formando um "U" com os outros dois.
Armando estava sentado no terceiro sofá, lendo um livro a qual Luiz não pôde perceber qual era. Amanda estava atrás do sofá, arrumando a mesa.
Quando dona Augusta anunciou a chegada de Luiz, Armando fechou o livro, levantou-se para cumprimentar o "genro", Amanda também, largou seus afazeres e veio até Luiz para cumprimentá-lo.
- Senta Luiz, sinta-se e casa. - disse Armando apontando um dos sofás, ao mesmo tempo em que sentava-se de volta, porém sem reabrir o livro e largando ele no colo.
Luiz sentou-se no sofá e ouviu atentamente quando Amanda disse que Ana já já iria chegar, pois estava se arrumando.
Luiz, Armando e dona Augusta, então ficaram conversando, enquanto Amanda arrumava a mesa. Várias vezes Luiz se ofereceu-lhe para ajudá-la porém ela alegava que ele era visita e não precisava ajudar.
Depois de algum tempo, Amanda disse lhes:
- A Ana já ta vindo!
Luiz então virou-se e viu, mais do que uma garota, mais do que sua namorada, Luiz viu um anjo caminhando em sua direção.
Ana vinha com um vestido branco cheio de rendados, o cabelo amarrado num rabo de cavalo com um prendedor que até parecia fazer conjunto com o vestido, ele era branco, rendado e largo, parecia o início de um véu, um lindo véu de noiva. Ela usava uma maquiagem bem leve composta por um blush rosa clarinho que acentuava a maçã do seu rosto, um batom também de tom rosa claro e brilhoso e uma sombra leve, também usava rímel nos silhos o que os fazia estarem bem levantados, grossos e negros.
Simplificando, Ana estava extremamente linda!
Ela caminhou até onde estava Luiz, ele então por impulso, levantou-se. Ana deu-lhe um rápido beijo e juntos sentaram-se no sofá, de mãos dadas, lado a lado, juntinhos.

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