quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Capítulo 7 - O Primeiro Encontro



Enfim chegou o grande dia. Luiz, assim como Ana, esperou o mês todo pelo dia em que finalmente iria encontrar-se com ela, pessoalmente, cara a cara, em carne e osso.
Assim como Ana, Luiz mal conseguiu dormir na noite anterior, e se via deitado, sonhando acordado com o que iria acontecer. Pensou em um milhão de coisas, pensou no que diria, no que faria, pensou em como entregaria o presente que fez para ela, pois é, fez até um presente, um lindo medalhão, com o escudo do grêmio, time do coração de Ana porém, ao invés de estar escrino nele 1903, ano de fundação do Grêmio de Futebol Porto Alegrense, havia nele o ano de 1994, ano de nascimento dela, e ao invés de conter o nome do time, no centro do medalhão, sobre a faixa preta e em destaque, havia escrito Ana Júlia, e ainda por cima, na parte de baixo do mesmo havia "AJGM", as iniciais do nome da menina, tudo isso seria pendorado no pescoço dela, por um fino cordão prateado, este Luiz havia comprado claro, e embalado com uma pequena, frágil, mas linda caixinha de joias de cor preta onde se lia "Com muito carinho" escrito em letras prateadas.
Luiz, havia passado semanas trabalhando no presente de Ana, quando não estava conversando com ela, pegava os materiais e lá ia ele.
Primeiro, Luiz conseguiu algum ferro, depois, com ajuda de uma vela e uma chave de bico, derreteu-o em cima de uma pequena chapa, espalhou-o até tomar a forma de um círculo, com muito cuidado, pintou-o com uma tinta esmalte, e por fim, escreveu as palavras usando uma ferramenta de informática, um fino fio prateado chamado ferro de solda, a qual derretia lentamente e riscava as palavras desejadas no pequeno medalhão.
Depois de todo o esforço que teve para fazê-lo, mal podia esperar para entregá-lo, e queria saber logo a reação de Ana. Será que ela gostará? Será que não? E se ela não aparecer? E se todo o tralho for em vão? E se ela queria apenas passar um trote em Luiz dizendo que iria ir para Novo Hamburgo?
Pensando em tudo isso, Luiz passou grande parte da noite acordado. E quando finalmente viu o Sol, preocupou-se em com a sua cara, como poderia se apresentar a garota com cara de sono? Tentou tanto que dormiu um pouco, mas logo despertou novamente, não aguentava mais ficar ali deitado esperando.
Ele prometeu para si mesmo que não iria ir para o local marcado, antes de restarem cinco minutos para a hora marcada. Ele embromou o máximo que pôde, e quando ainda faltava uma hora para a hora marcada, resolveu ir tomar um banho. Saindo do banho, Luiz procurou caprichar no penteado, mas seu cabelo rebelde nunca o ajudou, e não seria diferente agora. Ele fez o máximo que pôde e até que ficou bom. A roupa, já havia sido escolhida e separada há algumas semanas, ele escolheu uma roupa que pudesse mostrar bem o seu estilo e o seu jeito de ser. Uma camisa social entreaberta, com um medalhão escrito o seu nome, uma calça jeans, semi-lisa, apenas com alguns detalhes nos fechos do bolso, e um tênis preto, este era o seu look. Claro, sem esquecer as pulseiras da banda Rebelde, sua banda favorita desde o começo dela. Muitas pessoas, deixaram de gostar de Rebelde pouco depois do fim da banda, mas Luiz não, mesmo já tendo ouvido muitas vezes para esquecê-los e deixar de usar aquelas pulseiras, Luiz acreditava que se ele realmente gostava da banda, não seria com o fim dela que ia deixar de gostar. Luiz repudiava as pessoas que amavam uma banda enquanto ela estava fazendo sucesso e esqueciam dela algum tempo depois, para ele, isso era um tipo de falsidade e falta de caráter, em não mostrar o que realmente gosta ou não.
Dez minutos antes da hora marcada para o encontro, Luiz já estava totalmente pronto. Dava "Graças a Deus" por sua irmã não estar por perto para querer saber aonde ele iria, e por sua mãe ter ido dormir após o almoço e não ter acordado ainda. Pouco antes dos cinco minutos,Luiz não aguentou e saio de casa. Ele desceu as escadas, e quando chegou ao pátio, viu seu cachorro parado ali. Ele sabia que se deixasse o Rex solto, ele iria segui-lo aonde quer que ele fosse, e isso acabaria estragando o seu "encontro". Então Luiz chamou Rex, voltou para casa e lá dentro, deu um pouco de comida para ele, como suborno. Enquanto Rex estava distraído com a comida, Luiz saiu e fechou a porta. " Daqui a pouco ele acaba acordando a minha mãe, e ela solta ele", pensou ele enquanto saía para a rua, virando a esquina rumo a "escolinha".
Luiz chegou ao local, parou em frente ao portão da escola e se encostou na barra que havia ali. Ele ficou ali, parado, olhando para os lados para ver se via Ana chegando, mas nada. Por vários minutos, que pareciam não chegar, Luiz ficou ali, esperando, e já começando a acreditar que ela não víria.
Enquanto isso, Ana só queria poder sair de uma vez. Ela havia visto, de dentro da casa de sua avó, Luiz virar a esquina bem ali na frente, ela via que ele estava parado na frente da escola dalí, mas parecia que Luiz não podia vê-la por causa do carro de seu pai, parado bem na sua frente.
Ana esperava que sua avó abrisse o portão, mas ela não estava conseguindo achar a chave certa no meio daquele molho enorme. Ela temia que Luiz acabasse cansando de esperar e se fosse, então ele acharia que ela deu um bolo nele e não iria mais querer falar com ela. Então, como ela iria dizer-lhe que estava apaixonada, e que queria estar com ele, ali?
Enfim, a avó de Ana, dona Augusta, conseguiu encontrar a chave certa, abriu o portão e disse:
- Bom passeio com o seu amigo!
Deu um sorriso cúmplice para Ana, ela o retribuiu e saiu quase correndo em direção a Luiz, que ao ver Ana atravessando a rua ficou tão feliz que não sabia o que fazer, se devia esperar ela chegar perto ou deveria caminhar ao encontro dela. E quando chegasse, deveria abraçá-la ou apenas dizer "oi"?
Quando Ana finalmente chegou até ele, parou, sorriu, olhou-o nos olhos e disse "oi!", Luiz retribuía o oi quando Ana o deu um abraço, que Luiz retribuiu com ternura. Nesse abraço, Luiz sentiu o perfume de Ana, a maciez e o calor da pele dela, sentiu-se muito bem ali, por um minuto, sentiu que sua vida valera a pena.
Após esse abraço, eles separaram seus corpos, e ficaram por alguns instantes em silêncio. Então Luiz disse aquilo quê Ana havia pensado:
- Nossa, tu não imagina o quanto eu esperei por isso!
- Ha, imagino!
Ambos deram uma risada alegre e então, Luiz meio sem jeito entregou para ano a pequena caixinha preta com letras prateadas, dizendo:
- Pra você, feliz aniversário! Tu merece!
- Hai Luiz, não precisava! Só de tá aqui com tigo, já é o maio presente que eu poderia ganhar esse ano!
Ana então leu o que havia escrito na caixinha, muito emocionada, abriu-a e viu, ali aquele lindo cordão com o brasão do grêmio, onde lia-se seu nome, o ano do seu nascimento e suas iniciais em letras prateadas e em relevo. Sem notar, ela deixou escorrer uma lágrima no canto dos olhos. Luiz notou, e passando a mão bem de leve, secou o rosto de Ana.
- Posso?
Luiz perguntou apontando para o medalhão. Ao ver o aceno positivo de Ana, Luiz retirou o medalhão da caixa, deu a volta em Ana, e com toda a delicadeza possível colocou-o em volta do pescoço dela, Ana, puxou o cabelo para um lado, enquanto Luiz fachava o fecho do medalhão atrás do pescoço dela.
Ao terminar, Luiz deu novamente a volta em Ana, quando quase sem perceber, Ana deu um beijo no seu rosto, dizendo baixinho "obrigada". Luiz respondeu, também baixinho, "de nada", então Ana perguntou-lhe:
- Que tal?
- Linda, que dizer, ainda mais do que tu já é!
- Brigada!
Os dois ficaram por mais alguns instantes se olhando, então Luiz cortou o silêncio dizendo
- Éhh, vamo dá uma volta?
- Ah, sim, claro!
Ambos saíram lado a lado, andando pela rua, sem rumo certo, conversando e rindo, a cada segundo mais apaixonados um pelo outro.

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